sábado, 15 de novembro de 2008

A ORQUESTRA DOS VIZINHOS


Ah o feriado! Que alegria! Todos em casa, curtindo. As cadeiras de praia correm para as calçadas, os carros para as ruas e toda garagem abriga um churrasco com pagode. Cada um na sua. Opa... não exatamente. Eu moro em um prédio. 72 apartamentos. 72 estilos "musicais" em conflito eterno. Nada como acordar com Seu Jorge e sua mina do condomínio berrando e travando uma batalha sem fim com Avril Lavigne e seu skater boy. As armas? O timbre de suas peculiares vozes em volumes cada vez mais ensurdecedores. Aquele sono gostoso e sagrado das 8 da manhã se rende diante de tamanha digladiação. A máquina de lavar não pode se conter e dança freneticamente, chega a rebolar. Os liquidificadores começam a sinfonia do pudim de leite e as crianças celebram nos corredores com suas bolas e patins. A mãe aproveita seu tempo junto à sua cria para praticar seu monólogo: "Quem é esse lindinho?...agora....dá um sorrisinho...mamãe ama você...dá...dá..." O pós almoço é coroado com o abençoado silêncio da "siesta" e do "comi muito, vou deitar", mas logo é interrompido pelo atual maior espetáculo da terra: o futebol! Palmeirenses e São Paulinos no mesmo bloco da arena. A cada ameaça de gol, uma ameça de terremoto seguido de desabamento. E a batalha segue sem mortos, deixando apenas alguns ouvidos vilolentados e feridos. E eu realmente acreditava que a liberdade de um vizinho terminava quando a de um outro começava. Mas que bobagem, não estou falando de vizinhos, mas sim de gladiadores "gargantuais".

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