segunda-feira, 10 de novembro de 2008

SOMOS TODOS CEGOS?

Acabo de voltar do cinema um pouco menos cega. Em "Blindness" o diretor Fernando Meirelles clareou, mesmo que parcialmente, minha relação com a "Lei da Igualdade". Segundo tal lei somos todos iguais perante Deus e temos o mesmo sol a nossa mercê. Nascemos sob as mesmas condições sejamos ricos ou pobres, homens ou mulheres, saudáveis ou doentes, e o que nos torna diferente uns dos outros é a maneira como "enxergamos" a vida em si e a maneira como usufruímos de nosso livre arbítrio.
Após ter tido a sufocante experiência de 121 minutos de cegueira, posso dizer em resumo, que o que nos diferencia então, são nossas "escolhas".
Não pude deixar de pensar na personagem da ala 3.Cego de nascença, escolhe usar seus "super poderes" para ser um dos reis dos "recém cegos". Acredito que sua vida até aquele momento possa ter sido frustrante e que, ser enfim "superior" tenha sido tentador, mas também não posso deixar de notar profundo egoísmo em tal escolha. Daí, começo a acreditar que um dos grandes causadores de toda a "cegueira" humana é o egoísmo.
Estamos todos tão preocupados com nossas próprias dores, medos, frustrações, ambições e alegrias, que passamos a maior parte do tempo olhando somente para nossos umbigos, sendo ofuscados por nossos egos e pelo cruel "salve-se quem puder". A personagem feminina me faz pensar numa outra questão. Se conseguimos ver além, se já conhecemos o melhor caminho, por que não guiar os ignorantes desprovidos de luz, mesmo passando por cima dos próprios limites terrenos, como o orgulho? Ainda não consigo ver claramente o que realmente a motivou para o sim, mas com certeza consigo vislumbrar.
Gosto particularmente, do final do filme. Em meio ao caos, a escuridão e a lembrança ainda em carne e viva dos horrores vividos, as personagens que num primeiro momento do filme já haviam se encontrado ou viviam juntas, conseguem, ainda cegas, se ver de verdade pela primeira vez.
Fico com essa imagem para iluminar e guiar meus passos em minha própria escuridão, me impedindo assim de tropeçar em meu egoísmo ou até mesmo, em meu orgulho.

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